quarta-feira, 25 de maio de 2011

PAIXÃO AÇORIANA

PAIXÃO AÇORIANA

*Maria Regina Santos de Oliveira

Deslizei no barco do amor,
Nas águas claras das ilhas Açorianas...
E nas areias escuras da praia úmida,
Ancorei meu coração.

As montanhas são corpos de mulheres
Sedentas de amor, suas formas sexi
É um convite ao prazer...

As lavas que escorrem dos vulcões,
Derramam sobre a terra o calor
Ardente da paixão Açoriana.

A lua assanhada surge por de trás do Pico,
Seduzindo e aprisionando corações,
Nos beijos dados o tremor sísmico
E nos abraços o desejo de quero mais...

Quando a aurora se for,
E em pleno mar com as loucas ondas
Revoltas envolver as ilhas,
Trocaremos caricias de amor...

E na língua de Camões,
Palavras e juras de amor
Serão ditas e ouvidas por todos
Os cantos do além mar...

sábado, 9 de abril de 2011

VIAJANTES AÇORIANOS NAVEGANDO SEUS SONHOS

VIAJANTES AÇORIANOS NAVEGANDO SEUS SONHOS
*MARIA REGINA SANTOS DE OLIVEIRA

A herança cultural de origem açoriana que marca o Rio Grande do Sul apresenta valores específicos que a identificam no contexto da cultura luso brasileira.
Ao longo do texto, procuro mergulhar no tempo para identificar o homem açoriano que percorreu, no século XVIII (1748.56), 8.000 Km, embarcações, movidas a vela, para colonizar e povoar de sonhos o sul do Brasil,mais precisamente o municipio de Osório. A marca forte do açoriano ficou na cultura popular, na religiosidade,gastronomia, danças, literatura popular, produção artesanal, nos jogos e brincadeiras.
A denominação Açores, dada ao arquipélago de nove ilhas, deriva de uma espécie de águia (gavião) conhecida por Açor, supostaamente encontrada pelos primeiros marinheiros que visitavam as ilhas. No entanto, há quem diga que as aves encontradas eram búteros (Águia-de-asa-redonda).
Os Açores estão situados no Oceano Atlântico Norte, em uma posição estratégica entre a Europa, América e África. Distante aproximadamente 1,500km de Lisboa(Portugal Continental), 3.900 km da Costa Oriental da América do Norte.
O arquipélago dos Açores é composto de nove ilhas: Santa Maria, São Miguel, Terceira, São Jorge, Faial, Pico, Graciosa, Flores e Corvo. Somam a superfície total de 2.344km², dispostos ao longo de uma faixa NW-SE, com cerca de 66.000 km².
A ocupação humana da região dos Açores resultou da necessidade de Portugal controlar os pontos chaves de abastecimento e a guarda das Rotas de Navegações para o Oriente e América. Mesmo diante das inúmeras dificuldades que cercaram o povoamento dos Açores, desde as condições geoclimáticas e sísmicas, passando pelo isolamento oceânico, foi o arquipélago em poucos anos povoado, transformando-se em um grande ponto de apoio às viagens portuguesas e espanholas.
A descoberta do arquipélago dos Açores insere-se na grande epopéia dos descobrimentos marítimos no final da Idade Média e início da Idade Moderna, promovida pelas Coroas Ibéricas Portuguêsas e Espanholas. A moderna historiografia, apoiada em estudos cartográficos antigos, admite que o descobrimento dos Açores se verificau no ano de 1427, por Diogo de Silves, de nacionalidade portuguesa. Frei Gonsalo Velho teria depois, sido encarregado do respectivo povoamento na década de 1430, a partir do setor oriental do arquipélago( Santa Maria e São Miguel).
Teria aportado na ilha de Santa Maria pela primeira vez em 15 de agosto de 1432. São Miguel só seria atingido em 1444. As ilhas do grupo ocidental (Flores e Corvo) só foram descobertas em 1452 por Diogo de Teive. Até a morte do Infante D.Henrique em 1460, a colonização centra-se principalmente em São Miguel e Santa Maria. Nos decênios seguintes progride nas ilhas do grupo central.
A ocupação demográfica do Arquipélago resultou da junção de vários grupos étnicos culturais, procedentes tanto do continente europeu como africano. Para Santa Maria e São Miguel foram no inicio gente do continente Português:
Estremadura Algarve e Alentejo, que povoaram o grupo oriental. Para as ilhas Terceira e Graciosa foi o povo das províncias portuguesas montanhas, liderados por Jácome de Bruges. Para o Faial foram as famílias flamengas(Holandeses) que capitalados por Jose de Huertore ali desenvolveram as primeiras indústrias locais, dentro as quais a do pastel.
Para São Jorge foram também muitos homens de Flandres que acompanhando Guilherme Van Der Haggen, depois da Silveira, acabariam de fixar-se no topo. Para o Pico foram as primeiras famílias terceirenses que se instalaram para os lados das Lages e depois flamengos do Faial, para as Flores e Corvo, a mesma massa anônima do povo das várias províncias misturados a flamengos.
A estes povoadores europeus listados, somaram-se franceses, italianos, mouros, negros e ingleses que originaram o povo açoriano. Étnica e culturalmente com valores diferenciados de suas origens, resultantes dos séculos de ações interétnicas ocorridas no semi-isolamento da maioria das ilhas.
Resultantes da ação dos vulcões gerados no fundo do oceano, as ilhas dos Açores, apresentam um solo extremamente rico, mas de dificil cultivo, por ser pedregoso em sua maior parte. Os movimentos sísmicos ao longo dos séculos criaram um relevo ocidental, aplainado em muitos pontos, com a marca de antigas crateras vulcânicas. Destacam-se como ilhas de maiores elevações a do Pico, que apresenta a maior elevação de Portugal (2.351 metros) e a de Santa Maria com (1.587metros).
O clima dos Açores é temperado oceânico, influenciado pelas massas de ar polar e tropical. O oceano em especial tem uma ramificação da corrente do golfo, é um grande regulador técnico possibilitando que a região apresente uma fraca oscilação térmica anual e pluviosidade regularmente distribuída ao longo do ano. No entanto, nas vertentes voltadas ao Sul das ilhas do grupo central e oriental, existem meses secos. A temperatura média anual é de 17ºc, os meses mais chuvosos são os de outubro a março.
Portanto, os imigrantes açorianos desembarcados em Desterro no século XVIII(duas 1748-56), já estavam acostumados com o tipo de clima que aqui encontraram.
Marcados com duas estações definidas (verão e inverno), em que os regimes dos ventos tinham influência direta. Quanto às estações do ano, o inverno nos Açores e de dezembro a março no Brasil é de junho a setembro. O regime dos ventos de influência maior na mudança do clima no sul do Brasil é o vento sul, por estar perto do pólo sul. Nos Açores este vento é o norte, pela latitude do arquipélago.
O arquipélago dos Açores, pelas suas características do solo vulcânico, vegetação diversificada e vida marinha abundante tem a plena consciência das limitações impostas pelo meio ambiente, de relevo acidentado constantemente submetido a cataclismos naturais, tais como os terremotos, furacões, chuvas torrenciais, o açoriano aprendeu a explorar os recursos naturais de forma intensa.
A variedade de grupos étnicos culturais que povoaram os Açores correspondem a uma diversidade de traços culturais que se refletiu no sistema produtivo regional. Paralelamente as atividades econômicas cíclicas , que marcaram as exportações do arquipélago dos Açores, desenvolveu-se uma produção de gêneros agrículas de subsistência e a pesca artesanal, que garantiram ao longo dos séculos a sobrevivência do povo açoriano, notadamente a das comunidades que ficaram afastadas dos portos comerciais de Angra do Heroismo, Horta e Ponta Delgada.
Os motivo que levaram os portugueses às ilhas dos Açores foram, com exceção do ouro, os mesmos que o açucar, as cores para a tinturaria e os couros, os vinhos e as madeiras, mais tarde veio o ciclo do trigo, pastel, pecuária leiteira. Quando ocorriam cataclismos naturais, registravam-se quadros de muita miséria e fome. A pesca nos Açores foi e é uma atividade de grande importância para parte da população. Os fatores geoclimáticos, a dispersão das ilhas e o fraco mercado consumidor que exerceram influências na economia açoriana no passado continuaram a pesar na dinâmica econômica regional. Tais fatores são, hoje acrescidos de falta de mão-de-obra jovem para o setor primário (agropecuário e pesqueiro) que continua a ser na economia regional, o mais forte emprego de mão-de-obra, mas os jovens não se sentem atraidos.
Inicialmente, como no caso brasileiro, os Açores foram divididos em capitanias hereditárias, cujos donatários exerciam seus poderes através dos Capitães Donatários. O sistema foi aplicado desde o início do povoamento dos Açores, em 1439, estendendo-se até o ano de 1766, quando foi criada a Capitania Geral dos Açores. O sistema de capitanias hereditárias durou, 327 anos. O sistema autônomo de 1895 a 1976. Do decreto de 2 de março de 1895, que institucionalizou o regime autônomo para os Açores, estabeleceu a divisam do arquipélago em 3 distritos administrativos, com sedes respectivos nas cidades de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta, sem no entanto, assegurar ao povo Açoriano os direitos que desejavão desfrutar. Alguns foram efetivamente conquistados em 1976, outros encontram-se ainda em fase de conquista.
Os Açores hoje no que tange aos aspectos sociais e culturais, na estrutura social do arquipélago com um potencial de mão-de-obra que pode ser capacitada e aproveitada em atividades terciárias ou secundárias, nos centros urbanos mais expressivos, indica as possibilidades de sucesso de alguns setores em que podem ser estimulados com investimentos a longo prazo, com destaques para o turismo.
Presentimente nos Açores, convivem duas estruturas sociasis antagônicas.
Uma consevadora, detentora do poder econômico cultural tradicional, disseminada por todo o arquipélago, com características locais. Outra, representada por uma massa de trabalhadores de baixa renda ou desempregados, associados a camadas jovens da população, centrada basicamente nos grandes centros urbanos, que refletem a crise na sociedade açoriana frente à dinâmica econômica social na comunidade Européia.
Culturalmente, os Açores passam uma fase de transição em que convivem com valores culturais tradicionais, confrontando-se com novos valores notadamente frutos da mídia eletrônica e da influência cultural,( Canadensse e Americana) entre a população mais jovem.

Os valores culturais tradicionais dos Açores são: Tourada à corda; ciclo do Divino Espírito Santo; Festa do Santo Cristo do Milagre; As Festas de São João ou Joaninas.
A arquitetura Açoriana desenvolvida no arquipélago dos Açores refletiu os modelos construtivos existentes em Portugal continental em diferentes épocas.
Adaptando-se aos materiais de construção existentes nas ilhas, foram-se sucedendo as formas arquitetônicas, tanto civil quanto militar e religiosa, com o passar dos séculos geraram uma variedade de modelos, hoje observáveis, que refletiram diretamente a dinâmica social, política e econômica das diferentes ilhas ao longo dos séculos XV a XX.
No período do povoamento (1430 – 1582), a arquitetura está embutida na paisagem é muito baixa, tem janelas pequenas e em número reduzido.
Geralmente com uma só entrada, tipo defensiva, as formas são triangulares que não deixam entrar luz, no período da emigração para o Brasil (1642 – 1760). Arquitetura de linhas muito elaboradas, janelas grandes e em grande quantidades. Ornamentação abundante sobre portas e janelas principais.
A música popular açoriana, registra a influência de melodias declaradamente portuguesas e afro-americanas e que, por sua vez sofreu a influência das condições geoclimáticas e do isolamento.
Nos Açores, as canções diferem de ilha para ilha, apresentando traços básicos de uma origem comum. O mesmo se observa com as danças, a chamarrita, o pezinho, charamba, manjericão, bela aurora e os bailhos são músicas açorianas de grande beleza que apresentam variações regionais.
O processo de emigração açoriana no Brasil, desenvolveu-se em ciclos alternados, que começando no início do século XVII, estenderam-se distintos, os emigrantes açorianos dos séculos XIX-XX tiveram como motivação a busca de melhores condições de vida.
Ainda que representando dois momentos distintos os emigrantes açorianos dos séculos XVII - XVIII e os dos séculos XIX-XX tiveram como motivação a busca de melhores condições de vida.
As dificuldades de sobrevivência no arquipélago, principalmente nas épocas de catástrofes que afetam a produção agricola, grande fome genralizada entre os pobres, os constantes perigos dos terremotos e a falta de perspectivas para os menos afortunados foram fatores que influencionaram decisivamente nas correntes emigratórias dos Açores, tanto para o Brasil, como para outras áreas do mundo ao longo dos últimos 350 anos.
Consciente das possibilidades de sucesso destes emigrantes onde fossem assentados, por estarem acostumados a situações geopolíticas e econômicas instáveis, houve empenho da coroa portuguesa em viabilizar a saída de grandes levas de açorianos para o Brasil, ao longo dos séculos XVII e XVIII.
Alguns milhares de emigrantes deixaram os arquipélagos dos Açores e Madeira, para uma viagem sem volta. Nas vastas paragens do território brasileiro, tanto na bacia amazônica (Pará e Maranhão) e no Brasil Meridional (Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Acredita-se, ainda que para além dos embarques oficiais da época, centenas de açorianos chegaram ao Brasil de forma isolada, clandestinamente, nos barcos das armações baleeiras e mercantes que demandavam ao continente americano, em um processo que avansou pelos séculos XIX e XX.

FATOS MARCANTES DA HISTÓRIA DOS AÇORES

1493 – Em fevereiro, Cristovão Colombo ao retornar de sua viagem em que descobriu a América (12 de outubro de 1492), desembarca na Ilha de Santa Maria para pagar promessas, devido a forte temporal enfrentado por sua esquadra junto ao arquipélago dos Açores.
1522 – Grande terremoto sacode o arquipélago causando imensa destruição, notadamente na Ilha de São Miguel. A cidade de Vila Franca do Campo foi profundamente atingida, levando-a à decadência econômica e favorecendo o aparecimento de Ponta Delgada como principal cidade de São Miguel.
1580-82 – A Ilha Terceira torna – se o último baluarte português de resistência ao Domínio Felipino, Felipe II, rei da Espanha, reúne sob seu domínio as coroas portuguesas e espanholas (1580-1640).
No ano de 1581 ocorre a batalha da Salga, em que 2.000 soldados leais a Felipe II, sob o comando de Pedro Valdez, foram destroçados juntos ao Porto Judeu, pelos partidários de D. Antônio de Castro, pretendente ao trono português. Os terceirenses, em menor número, utilizaram uma manada de gado bravio para lançar os espanhóis nas ribanceiras.
Nova batalha, desta vez naval foi no ano seguinte travada em frente à Vila Franca do Campo (Ilha de São Miguel), em que os espanhóis foram novamente derrotados. Os Açores só foram efetivamente dominados dois anos após. Portugal Continental e suas colônias já estarem sob domínio de Felipe II.
1830 – Revolução Restauradora – sob a liderança de D. Pedro IV (D. Pedro I, do Brasil), é formado na Ilha Terceira, um Conselho Regional (antimiguelista) para lutar contra D.Miguel que havia usurpado o trono português de sua sobrinha, D. Maria da Glória.
Em 1832, D. Pedro se transfere para os Açores de onde após assumir o governo provisório, inicia a conquista de Portugal, destronado seu irmão D. Miguel e assumindo a coroa portuguesa com o título de D. Pedro IV.
Em 2 de março de 1895 iniciou-se o processo autônomo da Região dos Açores, que conforme depoimento de Pacheco de Almeida, foi apenas um ensaio só consolidado em 1976, e que ainda esta em construção.
1943 – 45 – Participação na Segunda Guerra Mundial – Por sugestões das forças aliadas, nomeadamente a Inglaterra, Salazar, presidente de Portugal, concede facilidade de bases navais e aéreas. Desta facilidade concedida aos aliados, resultou logo o enfraquecimento da guerra submarina.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

BIOGRAFIA PROFESSORA MARIA REGINA SANTOS DE OLIVEIRA




Maria Regina Santos de Oliveira

Maria Regina Santos de Oliveira nasceu no dia 16 de setembro em Osório, Rio Grande do Sul,Brasil.Professora de História, Profissional em elaboração de projetos sociais e educacionais, Pesquisadora, Historiadora,Cronista, Fotografa e Artesão.
Sua formação profissional desde o Magistério a pós – graduação foram na Faculdade Cenecista de Osório. Professora de história com duas especializações uma em Diálogos Entre a Literatura e a História do Rio Grande do Sul sendo que o trabalho de conclusão foi “Festa do Divino Espírito Santo,uma comparação entre a segunda metade do século XIX e a contemporaneidade na cidade de Osório”, e a outra em Gestão e Supervisão Educacional , sendo que o trabalho de conclusão foi “A Comunicação na Instituição Educacional”. Cursou dois anos de Direito na mesma instituição. Freqüentou o mestrado em educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Morou por mais de três anos nas Ilhas Açorianas onde fez um trabalho de pesquisa sobre as Festas do Divino Espírito Santo e Cultura Popular, com entrevistas , fotografias e exposições. De volta ao Brasil trabalhou no Espaço Cultural Conceição na elaboração de projetos em eventos , “MARCHAND” onde é associada, casa do artesão de Osório e na Faculdade Cenecista de Osório no departamento de pesquisa, extensão, pós – graduação e cursos técnicos,participou do grupo de criação do projeto Pedagógico da instituição Cenecista .Foi diretora do Museu Antropológico de Osório,diretora de escolas da rede municipal de Osório,supervisora de escolas e creches municipais e coordenadora de equipes educacionais e projetos. Atualmente morando nos Açores Ilha de São Miguel desenvolve um trabalho de pesquisa sobre as Festas do Divino Espírito Santo sendo que a pesquisa na Vila Rabo de Peixe foi selecionado para publicação no livro do evento IV Congresso Internacional sobre o Espírito Santo na Califórnia em São José e Santa Clara representando a “AIPA”(Associação dos Imigrantes nos Açores), onde é associada. Realizou uma conferencia sobre as Festas do Divino Espírito Santo no Município de Osório,Rio Grande do Sul,Brasil e o profissional que trabalha em Museus na Casa do Arcano, Ribeira Grande,Ilha de São Miguel.
“Não acreditar numa coisa não faz deixar de existir... Os seres encantados, todos eles, existem independentemente da crença das pessoas neles...”

quinta-feira, 20 de maio de 2010

MUSEU






MUSEU
Museus em plena actividade nos Açores
No dia 18 de Maio de 2010 na Casa do Arcano foi comemorado o dia Internacional dos Museus o tema este ano foi “Museus e Harmonia Social”, sugerido pelo ICOM, Conselho Internacional de Museus , organismo criado pela UNESCO , este foi comemorado em grande estilo com exposições e palestras sobre as Festas do Divino Espírito Santo. Como pesquisadora não poderia deixar de falar sobre a história dos museus e um pouquinho do Museu da Casa do Arcano que fica na Ribeira Grande, Açores, Ilha de São Miguel.
A palavra Arcano
A palavra Arcano vem do Latim "Arcanus" e significa "um mistério", cujo conhecimento é indispensável para compreender um " grupo" determinado de fatos, leis ou princípios. No sentido mais amplo, o termo Arcano inclui toda a ciência teórica referente a qualquer atividade prática em um determinado campo. O Arcano pode ser expresso oralmente, através da escrita ou, ainda, através de símbolos utilizados pelas antigas escolas de iniciação para transmitir os ensinamentos sagrados, pois estes sempre passaram e continuam passando desapercebidos.
O Arcano
O “ Arcano Místico” é um móvel com valor cultural, artístico, histórico e religioso construído por Madre Margarida do Apocalipse, freira egressa do ex-mosteiro do Santo Nome de Jesus, em meados do século XIX (1835-1858). Por disposição testamentária (1857), Madre Margarida do Apocalipse fez doação à Confraria do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora da Estrela do Arcano Místico.

O Museu “Casa do Arcano” encontra-se instalado na casa onde viveu a Madre Margarida do Apocalipse, autora do Arcano Místico, um conjunto esculturas em miniaturas religiosas já classificado como Tesouro Regional dos Açores.
No primeiro andar, e na sala principal está instalado o Arcano Místico, transferido do Coro Alto da Igreja da Matriz após um meticuloso trabalho de recuperação. A sala do Arcano está equipada com um sistema de climatização que regula a umidade e a temperatura.
Toda a Casa Museu tem um sistema de controle dos índices de temperatura e umidade.
O Arcano traduz um relato bíblico e de escritos apócrifos, com pequenas figuras moldadas numa massa composta por farinha de arroz e de trigo, goma-arábica, gelatina animal e vidro moído, representando os mistérios do Antigo e do Novo Testamento.
É um conjunto esculturas religioso, de tradição conventual, organizado em três divisões verticais de um grande móvel-expositor (200x200x200 cm), constituído por cerca de noventa grupos agregados de pequenas figuras policromas (1 a 20 cm) e outros elementos, todos identificados por legendas, representando cenograficamente os Mistérios mais importantes do Antigo e Novo Testamento.
Há bons motivos para acreditar que Madre Margarida Isabel do Apocalipse, ainda freira no Convento do Santo Nome de Jesus (1800-1832), tenha dado início à idéia de criação do Arcano Místico, tendo dado continuidade a este projeto já na sua própria casa, possivelmente um ano ou dois antes da sua morte, deixando-o incompleto.
Obra de minuciosas figuras artísticas, a mesma revela as características da personalidade da sua autora.
No seu testamento, escrito em 1854, a autora explica o Arcano Místico como sendo o que “contem os Mistérios mais importantes do Antigo e novo Testamento, que
o móvel onde esta a exposição é composto por figurinhas, todas elas moldadas à mão e formadas por vários materiais, tais como farinha de arroz, gelatina animal, goma-arábica e vidro moído.
Um levantamento dos temas que o Arcano contém levou à identificação de 92 quadros, sendo que no meio dos mesmos existem representações de temas não bíblico.
A autora
Margarida Isabel Narcisa, Margarida Isabel ou apenas Margarida era filha de José Francisco Pacheco Moniz e de D. Inês Eufrázia Botelho de Sampaio Arruda. Nasceu no seio de uma família influente no meio ribeiragrandense a 23 de Fevereiro de 1779, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição da então vila da Ribeira Grande. Faleceria a 6 de Maio de 1858 na freguesia Matriz da mesma cidade, estando sepultada em local incerto no cemitério de Nossa Senhora da Estrela.
Em Fevereiro de 1800, Margarida, adotando o nome religioso de Madre Margarida do Apocalipse, tomou o véu de clarissa do Mosteiro do Santo Nome de Jesus da Ribeira Grande. Nele permaneceria, com esporádicas saídas por motivos de saúde, até à extinção dos conventos e mosteiros nas ilhas dos Açores, em Maio de 1832. Todavia, na sua própria casa, manter-se-ia freira clarissa até o seu falecimento.




UMA VISÃO DE MUSEU NO CONTEXTO HISTÓRICO

A palavra museu vem do latim "museum", que por sua vez é derivado da Língua grega antiga "mouseion".
O museu era um templo das musas, deusas da memória, filhas dela com Zeus. Mnemosine, a musa da memória, é filha de Gaia com Urano. Mais tarde, na época da Dinastia ptolemaica, Ptolemeu II Filadelfo mandou construir em Alexandria um edifício a que chamou "Museu"[2] Estava dedicado ao desenvolvimento de todas as ciências e servia, além disso, para as tertulias dos literatos e sábios que ali viviam, sob o patrocínio do Estado. Naquela instituição foi se formando, gradativamente, uma importante biblioteca.
Os escritores latinos supuseram a existência de um significado adicional de "museu", ao que tudo indica referindo-se a grutas que, situadas dentro das vilas, os seus proprietários utilizavam-nas para retirar-se e ali meditar
O museu actualmente


Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Brasil.
Os modernos museus dedicam-se a temas específicos, inscrevendo-se em uma ou mais das seguintes categorias: belas-artes, artes aplicadas, arqueologia, antropologia, etnologia, história, história cultural, ciência, tecnologia, história natural. Dentro destas categorias alguns especializam-se mais, como por exemplo: arte moderna, ecomuseus, industriais, de história local, da história da aviação, da agricultura ou da geologia.
Há também os museus ao ar livre, que mostram e erguem edifícios antigos em zonas amplas ao ar livre, geralmente em locais que recriam paisagens do passado. O primeiro foi King Oscar II's coleção próxima a Oslo, aberta em 1881. Em 1891 Arthur Hazelius fundou o famoso Skansen em Estocolmo, que se transformou no modelo para museus abertos subseqüentes do ar na Europa do norte e oriental, e eventualmente em outras partes do mundo.

MASP, um dos principais museus do mundo e o mais importante da América Latina, em São Paulo, Brasil.
Os museus são instituições especializadas, e, por isso, necessitam de mão-de-obra qualificada, como museólogos, restauradores e outros profissionais, capazes de manter a conservação do acervo. Ele é dirigido geralmente por um curador, quem tem uma equipe de funcionários que cuidam dos objetos e arranjam sua exposição. Muitos museus associaram-se aos institutos de pesquisa, que são envolvidos freqüentemente com os estudos relacionados aos artigos do museu. Eles são geralmente abertos ao público por uma taxa. Alguns têm a entrada livre, permanentemente ou em dias especiais, por exemplo uma vez por semana ou ano.
O museu próprio ou um instituto associado podem organizar expedições para adquirir mais artigos ou documentação para o museu, uma atividade famosamente descrita na abertura do filme "Raiders of the Lost Ark" (Os Caçadores da Arca Perdida[BR]/Os Salteadores da Arca Perdida[PT]). Eles podem também adquirir artigos como donativos, vendas ou comércios. Por exemplo, um museu caracterizado de arte impressionista pode receber uma doação da cubista trabalho que simplesmente não pode caber nas exibições do museu, mas pode ser usado para ajudar adquirir uma pintura mais relevante. Os museus maiores tem um "departamento de aquisições" cuja equipe de funcionários que seja tempo integral ligado neste tipo de atividades
Os museus no Brasil
Durante o período colonial podemos citar a experiência da Casa dos Pássaros. A instituição procedia a taxidermia de aves para instituições no reino.
Com a transferência da corte portuguesa para o Brasil (1808-1821), estabeleceu-se uma nova dinâmica no surgimento de instituições culturais:
• Em 1816 foi criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, embrião do atual Museu Nacional de Belas-Artes;
• Em 1818 foi criado o Museu Real, embrião do atual Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.


Museu de Ciências Morfológicas, na UFMG.
Após a Independência, novas instituições foram fundadas:
• 1838, o museu do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro;
• 1864, o Museu do Exército;
• 1868, o Museu da Marinha; e
• 1871, o Museu Paraense Emílio Goeldi.
Finalmente, no período Republicano, destacam-se a criação:
• em 1906, do Museu Municipal de Iguape
• em 1922, do Museu Histórico Nacional
• em 1932, do curso de Museus
• em 1934, da Inspetoria de Monumentos Nacionais[3]
• em 1937, do Museu Nacional de Belas Artes
• em 1938, do Museu da Inconfidência
• em 1940, do Museu Imperial
• em 1947, do Museu de Arte de São Paulo
Mais recentemente, na década de 1960, destacaram-se a criação dos museus Villa-Lobos e da República (1960), além de inúmeros museus militares e municipais, e do Museu Lasar Segall (1967).
A década de 1970 foi marcada, a partir da Mesa Redonda de Santiago do Chile (1972), pelo "Movimento da Nova Museologia" (MINOM) que se consolida na década de 1980. Países como o México, a França, a Suíça, Portugal e o Canadá foram os formuladores iniciais desta concepção.
Em março de 2006 inaugurou-se o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, um museu interativo sobre a língua portuguesa localizado na cidade com o maior número de falantes do idioma no museu.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

ASPECTOS CULTURAIS E RELIGIOSOS DAS FESTAS DO DIVINO ESPIRITO SANTO NA VILA RABO DE PEIXE ILHA DE SÃO MIGUEL AÇORES










ASPECTOS CULTURAIS E RELIGIOSOS DAS FESTAS DO DIVINO ESPIRITO SANTO NA VILA RABO DE PEIXE ILHA DE SÃO MIGUEL AÇORES



Existe uma devoção especial pelo Divino Espírito Santo que envolve aspectos culturais e religiosos nos Açores Ilha de São Miguel mais precisamente na Vila de Rabo de Peixe, diferenciada pelas Festas das Bandeiras é uma das mais expressivas manifestações da cultura sócio religiosa.

Esta celebração tem duas formas de comemoração, a Bandeira da Beneficência, ou as “Festas da Beneficência” e a Bandeira da Santíssima Trindade, designada pelo povo “Festas da Caridade”.
Acompanhando estas duas Bandeiras, ocorrem as
famosas “Despensas” e “Bailinhos”,danças originais
de Rabo de Peixe. São seis as coroações em Rabo de Peixe,
a de São Sebastião, a de São João, a de São Pedro, a dos
Inocentes(crianças), a da Santíssima Trindade e a do Rosário.
O dia considerado mais importante das festa é no domingo,
com a realização das procissões.
As Festas do Espírito Santo envolvem algumas
danças tradicionais, denominadas “Despensas”, diferentes
dos restantes “Balhos” da ilha.O destaque maior fica por conta do Balho dos
“Homens da Terra” e o dos “Homens do Mar”,dançam
apenas homens, ao som de castanholas, acordeom e violas da terra que tocam e cantam em ritmos compassados
durante a apresentação. No entanto, ao longo da dança as mulheres
podem entrar quando desejarem, mas, nunca iniciam
este ritual lado a lado com os homens.
Para ser mordomo destas Festas do Divino muitas vezes as pessoas tem que ficar a espera por mais de quatro anos, com seus nomes em uma agenda. Fazem parte da comissão mais de setenta e cinco irmãos, é um ano de trabalho intenso, rezas e novenas, pedidos de ajuda e agradecimentos as graças concedidas pelo Divino. A abertura do quarto no qual vão estar os símbolos do Divino Espírito santo entre eles o mais importantes que é a bandeira é no dia vinte e cinco de abril. Os irmãos pagam as pensões de trinta euros são mais de cem pessoas e ainda fazem parte destes rituais os que oferecem gueixos, o mordomo fica encarregado de cuidar deles até a véspera das Festas do Divino, a carne destes animais é para fazer as sopas do Divino Espírito Santo.Acompanha o cortejo os sete dons do Divino, são eles: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade, Temor de Deus, geralmente eles são representados por crianças, o cortejo sai da casa do mordomo e vai até a igreja de nossa Senhora do Rosário.

PRECE AO ESPÍRITO SANTO (SETE DONS)
1. Vinde, Espírito Santo, Deus amável,Dom inefável da SABEDORIA!Dai-nos o gosto de saborearmosComo sois bom e fonte de alegria.
2. Vinde, Espírito Santo, Deus glorioso,Dom luminoso do ENTENDIMENTO!Enchei de vida todo o Universo:A Criação é o vosso sacramento!
3. Vinde, Espírito Santo, Deus amigo,Divino abrigo, Dom do bom CONSELHO!Dai-nos a graça do discernimento,P’ra decidir à luz do Evangelho!
4. Vinde, Espírito Santo, Deus-Senhor:dai-nos valor e Dom da FORTALEZA!Quando tentados, a fidelidade;Na hesitação, a graça da firmeza!
5. Vinde, Espírito Santo, Omnisciente:A nossa mente implora o Dom da CIÊNCIA,P’ra conhecermos e para louvarmosVossos sinais e a vossa providência!
6. Vinde, Espírito Santo, Deus-Ternura!Vós sois doçura: dai-nos a PIEDADE!Ao Pai queremos ter amor de filhos;Com os irmãos, viver em amizade!
7. Vinde, Espírito Santo, Deus-Amor:Dai-nos TEMOR, o Dom da admiração!Vossa presença faça a nossa vidaEstremecer de assombro e de emoção.


SEQUÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO:
Espírito de Deus, enviai dos céus um raio de luz!Vinde, Pai dos pobres, dai aos corações vossos sete dons.
Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio vinde!No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.
Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!
Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei.
Dai a vossa Igreja, que espera e deseja, vossos sete dons.Dai em prêmio ao forte uma santa morte, alegria eterna. Amém.

ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO:

Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande,aberto à vossa Palavra silenciosa,mas forte e inspiradora,fechado a todas as ambições mesquinhas,alheio a qualquer desprezível competição humana,compenetrado do sentido da Santa Igreja!
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande,desejoso de se tornar semelhanteao coração do Senhor Jesus.
Dai-me um coração grande e fortepara amar a todos, para servir a todos,para sofrer por todos!
Um coração grande e fortepara superar todas as provações,todo o tédio, todo o cansaço,toda a desilusão, toda a ofensa!
Um coração grande e forte,constante até ao sacrifício,quando este for necessário!
Ó Espírito Santo, dai-me um coraçãocuja felicidade seja palpitarcom o coração de Cristoe cumprir humilde, fiel e firmementea vontade do Pai. Amém.



VINDE, ESPÍRITO SANTO:
- Vinde, Espírito Santo, e enchei os corações dos vossos fiéis, e acendei neles o fogo do vosso amor.
- Enviai, Senhor o vosso Espírito, e tudo será Criado, e renovareis a face da terra.
OREMOS: Ó Deus, que instruistes os vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas, e gozemos sempre da sua consolação, por Cristo, Senhor nosso, Amém.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Romeiros de São Miguel





















Romeiros de São Miguel






No dia primeiro de Abril, na igreja da Nossa Senhora do Rosário, às 19hs e 30min houve o encontro de romeiros da Vila Rabo de Peixe, encontro este que reuniu mais de 130 romeiros, a maioria pescadores e agricultores. Um grupo foi escolhido para representar os 12 apóstolos o padre da paroquia fez o ritual do lava pés. Canticos e orações saldaram os romeiros.












É Quaresma!!! E portanto a tradição dos romeiros na Ilha de São Miguel se faz durante oito dias, percorrem toda a Ilha de São Miguel a pé, rezando e cantado enquanto caminham e nas Igrejas e capelas das localidades. Ao final do dia pernoitam na freguesia por onde estão passando. As famílias locais recolhem em suas casas um ou mais romeiros, partilhando com eles a sua mesa e a sua fé. Na madrugada, levantam-se para continuarem a sua romaria. Com eles levam apenas uma mochila, que contém as suas refeições. O traje consiste num xaile, num lenço colorido, um terço de lágrimas e um bordão. Caminham em oração sob o Sol, chuva, vento, calor ou frio.






A origem destas romarias remonta a calamidades ocorridas no século XVI, nomeadamente o sismo de 1522, que destruiu em parte Vila Franca do Campo, na altura a capital dos Açores. Porém, os factos apontam para que o nascimento dos ranchos de romeiros se tenha dado um pouco mais tarde, em 1563, ano em que se sucederam grandes erupções vulcânicas, atingindo toda a ilha.Este tipo de calamidade era, na época, considerado como um castigo divino pelos pecados dos homens.Sabe-se, por relatos de Gaspar Frutuoso, que durante os vários dias que duraram os sismos e erupções, o povo foi realizando pequenas procissões de igreja em igreja, pedindo misericórdia. Diz-se, também, que muitos fugiram, de barco ou a nado, para o Ilhéu de Vila Franca, zona mais afetada dada a proximidade do centro da actividade vulcânica. De qualquer maneira, o povo afirmou ter-se sentido protegido por Nossa Senhora. Atualmente, saem, todos os anos, dezenas de grupos de romeiros, todos homens, mas provenientes das mais diversas classes. Eles percorrem a ilha, indo a todas as igrejas que venerem a imagem de Maria, partindo num sábado e regressando ao ponto de partida no domingo seguinte. Para além do calçado confortável (normalmente sapatilhas), a indumentaria é simples e rapidamente reconhecível: xaile de lã sobre os ombros, lenço e terço ao pescoço, saco de pano para os haveres indispensáveis, bordão para ajudar a longa caminhada e mais um terço, na mão.Caminham em duas filas, ocupando uma faixa da estrada, ou, em ruas mais estreitas. À frente do grupo, e no meio das duas filas, vai o “porta-cruz”, sempre o mais novo do grupo, por isso, normalmente uma criança é escolhida. É sempre curioso notar que, ao contrário do que sucede com muitas tradições regionais, as romarias têm sempre a participação de homens e rapazes de varias idades. Ocupando posição central, embora já no fim da procissão, vão ainda o mestre, obedecido por todos, e o procurador de almas.Este recebe os pedidos de orações das pessoas que vêem o rancho passar (muitas vezes, são pedidas orações por pessoas que se encontram gravemente doentes). O procurador é, aliás, a única pessoa com quem se pode falar, pois todos os outros só podem abrir a boca para cantar as rezas. Qualquer conversa terá de ser autorizada pelo mestre, inclusive nos momentos de descanso. Trata-se de um tempo de sacrifício e penitência.À noite, os romeiros são acolhidos por pessoas da freguesia em que se encontram, sendo que estas, não raras vezes, dão a sua cama, preferindo dormir no sofá ou passar a noite a rezar na sala ou na cozinha. De fato, para muitas pessoas, dar abrigo a um romeiro é tão sagrado como a própria romaria, e já diversas vezes se ouviram relatos de gente pobre que ofereceu toda a sua comida a estes homens, ficando em jejum. Por isso, antes de se deitar, o romeiro reza sempre um terço pela família que o acolheu.Apesar de ser o procurador quem se encarrega de receber os pedidos, a encomendação das almas são uma das obrigações dos romeiros, que prosseguem sempre cantando, num lamento característico e que tem raízes medievais. São encomendadas tantas orações quantas as pessoas que formam o rancho, às quais se acrescentam sempre três: Pai, Filho e Espírito Santo.

quinta-feira, 4 de março de 2010

PEIXE CONSUMIDO NOS AÇORES






CHARROS UM PEIXE NOBRE



Pelo menos uma vez na semana se come charros nos Açores, pois é um peixe de sabor único que requer um bom gosto nos temperos colocado na sua preparação. Ele é delicioso de todas as maneira seja frito ou cozido.


Receita de Charros Alimados



Preparação:
Tem-se os charros arranjados aos quais se tirou a cabeça e a tripa. Lavam-se muito bem e colocam-se num cesto em camadas separadas com sal grosso. Deixam-se descansar durante um ou dois dias.Após este tempo, sacodem-se do sal e levam-se a cozer em abundante água a ferver. Deixa-se a água levantar fervura novamente durante uns dois minutos, depois dos quais, os charros estão cozidos.Escorre-se toda a água fervente e substitui-se por água fria. Depois, com os dedos, tiram-se todas as peles e espinhas laterais, ficando os charros brancos e lisos. A esta operação dá-se o nome de limar.Colocam-se os charros alinhados numa travessa. Para serem servidos quentes, regam-se com água quente na altura de servir e escorrem-se. Acompanham-se com azeite e limão, batatas cozidas e salada de tomate